Durante a Guerra Civil de Espanha e posterior regime franquista a arte e a literatura despontam como forma de resistência à opressão e à violência, encarnando um sentimento profundo de insubmissão e esperança. Uma intensa força espiritual compele artistas, escritores, cineastas, músicos, operários e camponeses a explorarem as suas potencialidades criativas para servir um ideal político-filosófico. (...)
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POEMA
No vosso e em meu coração (Manuel Bandeira)
Espanha no coração
No coração de Neruda,
No vosso e em meu coração.
Espanha da liberdade,
Não a Espanha da opressão.
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
Velha Espanha de Pelaio,
Do Cid, do Grã-Capitão!
Espanha de honra e verdade,
Não a Espanha da traição!
Espanha de Dom Rodrigo,
Não a do Conde Julião!
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
Espanha dos grandes místicos,
Dos santos poetas, de João
Da Cruz, de Teresa de Ávila
E de Frei Luís de Leão!
Espanha da livre crença,
Jamais a da Inquisição!
Espanha de Lope e Góngora,
De Góia e Cervantes, não
A de Felipe II
Nem Fernando, o balandrão!
Espanha que se batia
Contra o corso Napoleão!
Espanha da liberdade:
A Espanha de Franco, não!
Espanha republicana,
Noiva da Revolução!
Espanha atual de Picasso,
De Casals, de Lorca, irmão
assassinado em Granada!
Espanha no coração
De Pablo Neruda, Espanha
No vosso e em meu coração!
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Versos da Canção Outonal de Federico Garcia Lorca:
“Se a morte é a morte, / que será dos poetas / e das coisas adormecidas / que já ninguém delas se recorda? / Oh! Sol das esperanças! / Água clara! Lua nova! / Coração dos meninos! / Almas rudes de pedras! / Hoje sinto no coração / um vago tremor de estrelas / e todas as coisas são / tão brancas como minha pena.”
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